Desde que eu comecei o SessenTeen, pra ser um espaço de reflexão sobre a “nova terceira idade”, têm acontecido coisas bem interessantes.
Descobertas, redescobertas, reencontros.
Um belo dia eu abro a página e vejo a mensagem da Elizabete Mattos, que foi minha colega no segundo grau do Colégio de Aplicação, em Porto Alegre.
Ela contou que escrevia poesias, que algumas eram sobre a questão da idade e perguntou se eu queria dar uma olhada.
Claro que eu queria conhecer as poesias.
(Também aproveitei e fiz um monte de perguntas sobre como ela está SessenTeendo nessa nova etapa da vida.)
Vislumbrar a evolução dessa ex-colega que eu nunca mais tinha visto foi muito bom.
Bette Mattos, para usar seu nome de poeta, é cardiologista, pesquisadora, e logo depois da residência, foi de Porto Alegre ao Rio de Janeiro, para a pós-graduação.
Lá conheceu Octavio, futuro parceiro em uma união de muita cumplicidade, que agora já está completando 35 anos.
Como cardiologista, sempre pisou fundo, entregando-se de corpo e alma a sua grande paixão, a pesquisa em cardiologia. Até um acidente de automóvel abrir seus olhos para “a possibilidade da morte a qualquer momento, sem aviso, em qualquer idade”.
Foi aí que ela resolveu voltar a uma atividade que adorava desde jovem. Leitora voraz de poesias, tinha o hábito de decorar as que mais gostava. Outras, ia modificando, como se respondesse aos autores.
Hoje a Bette já está com um certo “pé no freio” na atividade médica e consegue dedicar parte do dia a ler e escrever, sempre.
Suas poesias da série “A geometria dos sessenta” transformam e dialogam com as de poetas como Carlos Drummond de Andrade e Fernando Pessoa, numa prática que se chama Intertextualidade. Mas para ela são brincadeiras poéticas, pois o processo criativo é sempre divertido.
Sobre a questão da idade, Bette diz que se sente exatamente como sempre, entusiasmada. Considera que na medicina, envelhecer tem um certo charme. E avalia que é uma grande vantagem dos mais velhos o fato de que a opinião dos outros passa a não importar tanto.
“A audácia pode diminuir mas a coragem, principalmente a moral, aumenta muito.”
Adorei o reencontro, Bette!
E gostei tanto da Geometria dos Sessenta que segue abaixo um trecho da outra: Na reta dos Sessenta. Dei uma agrupada em algumas linhas e separei por barras verticais, pra caber num espaço menor. Espero que não bagunçado demais a geometria (é que eu queria muuuuito mostrar aqui no SessenTeen, certo Bette?)
Então já sabem: onde tem barra vertical, na verdade é “nova linha” na poesia. E como a poesia Na curva dos sessenta, que abre este post, também é só um trecho. Aí vai.
Bjs!
60Teen
Um grande beijo para as colegas do Aplicação. Adorei os relatos acima.
Foi muito bacana esse reencontro. Quando a Bette me falou sobre as poesias, entendi que elas faziam parte de uma mudança de vida. Uma reinvenção. O SessenTeen tem tudo a ver isso. Se tiver (ou conhecer alguém que tem) uma vivência desse tipo e quiser compartilhar, estamos abertos! Beijo, Britto. E obrigada pelo carinho.
Foi bom para mim também! Gratidão
Para continuar a brincadeira. Parafraseando (e “intertextuando”) – A vida é a arte do re-encontro inédito e re-inventado, embora haja muito desencontro e “desencanto” pela vida. Obrigada, tem sido divertido.